domingo, 26 de outubro de 2014

Caso Veja: indefensável



A edição de 29 de outubro antecipada por "Veja" traz como verdade absoluta a denúncia de um criminoso confesso, o doleiro Alberto Youssef:

ELES SABIAM DE TUDO afirma a capa, sem aspas, ilustrada pela imagem de Lula e Dilma.

No interior da revista, porém, o leitor se depara com a informação de que o doleiro ("caixa do esquema de corrupção da Petrobras") não apresentou nem lhe foi pedido nenhuma prova. Uma tentativa desesperada para influenciar o resultado das eleições de hoje, exatamente como fez a Rede Globo ao editar o debate entre Collor e Lula às vésperas das eleições presidenciais em 1989.

O que Youssef disse não poderia mesmo ficar escondido até o fechamento das urnas. Mas daí a alçar a notícia ao status que lhe foi dado, e ainda induzir o (e) leitor a erro? Os editores chamaram para si a responsabilidade ao assumirem a acusação, cabendo-lhes o ônus da prova.

A depredação da sede da editora Abril foi lamentável, mas qual teria sido o maior atentado à democracia? Se o depoimento fosse favorável a Dilma e a Lula a revista abraçaria a versão do delator com o mesmo açodamento e dar-lhe-ia a mesma credibilidade e igual publicidade? Obviamente, caso o delator dissesse que o alto escalão do governo não soubesse do esquema não haveria manchete na capa —  muito menos ela seria ELES SÃO INOCENTES.

Pedra angular do Direito, o contraditório também é um princípio do jornalismo, e aos acusados deveria ser dado o direito de se defenderem, o que não foi respeitado pela publicação. Pelo contrário, a empresa recorreu ao STF para barrar o direito de resposta determinado judicialmente.

* * *

Quem veio em defesa da revista, claro, foi Aécio. Notório censor, agora se traveste de arauto da liberdade de imprensa, com o mesmo cinismo de quando ataca a adversária de forma baixa e agressiva afirmando que não o fará.

O País de fato precisa de mudança, que nenhum dos candidatos representa. Mas, a julgar pela capa e pelo uso eleitoreiro pelo noticiário ("golpe contra a liberdade de imprensa" etc.), se Aécio for vitorioso a imprensa deverá ser menos vigilante e combativa — para não dizer complacente — em seu governo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Argumento irrefutável

Pequena doação

Uma instituição de caridade nunca tinha recebido uma doação de um dos advogados mais ricos da cidade. O diretor da instituição decidiu ele mesmo falar com o advogado :
- Nossos registros mostram que o senhor ganha mais de R$ 300.000,00 por ano e, assim mesmo, o senhor nunca fez uma pequena doação para nossa caridade.
- O senhor gostaria de contribuir agora ?
O advogado respondeu :
- A sua pesquisa apurou que minha mãe está muito doente e que as contas médicas são muito superiores a renda anual dela ?
- Ah, não ! - murmurou o diretor.
- Ou que meu irmão é cego e desempregado ? - continuou o advogado.
O diretor nem se atreveu a abrir a boca.
- E ainda, que o marido da minha irmã morreu num acidente e deixou ela sem um tostão e com cinco filhos menores para criar ? - resmungou o advogado com ar de indignação.
O diretor, sentindo-se humilhado, retrucou :
- Desculpe, eu não tinha a menor ideia de tudo isso...
- Então, se eu não dou um tostão para eles, por que iria dar para vocês ?
E assim, o advogado fechou a conversa. 

Enviado por: Porandubas Políticas